Deputados rejeitaram, por 311 votos a 134, a proposição que pretendia
pôr fim à obrigatoriedade do voto em eleições no país. A sugestão foi
apresentada pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), à
proposta de emenda à Constituição que promove areforma política no
Congresso (PEC 182/07, que teve origem no Senado) e é capitaneada
pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Com a rejeição do texto de Picciani, mantém-se na Constituição o voto e
o alistamento eleitoral obrigatórios para maiores de 18 anos. Da mesma
forma, continua facultativo na Carta Magna o alistamento para analfabetos,
pessoas com mais de 70 anos e eleitores com idade entre 16 e 18 anos.
DEM, PPS e PV se posicionaram a favor do voto facultativo, apoiando o texto
de Picciani. Apenas o PMDB liberou sua bancada, deixando seus representantes
livres para votar como bem decidiram, ao passo em que todos os demais partidos
defenderam a manutenção do voto obrigatório no Brasil.
Argumentação
Mesmo tendo liberado sua bancada, Picciani apelou aos pares com o argumento
de que o eleitor deve decidir se quer votar. “Mais vale um pleito com eleitores que
se mobilizaram e que criam afinidade com um partido, com uma proposta, com um
candidato, do que uma massa que vai obrigada às urnas, sem ter formado opinião
sobre as propostas e os candidatos”, discursou o líder peemedebista.
Por seu turno, o líder do Psol, Chico Alencar (RJ), argumentou ser um equívoco
acreditar que o voto facultativo eliminaria a compra de voto e os chamados
currais eleitorais – influência de lideranças políticas locais junto ao eleitorado
dos respectivos redutos. “É melhor manter o sistema como está, até porque a
experiência de outros países que adotam o voto facultativo mostra que há prevalência
do poder econômico”, observou Chico. “Quem não quiser participar das eleições
paga a multa irrisória, e a vida segue.”Já o deputado Sandro Alex (PPS-PR) lembrou
que a obrigatoriedade do voto já deixou de ser aplicada em mais de 200 países.
“Em pouco mais de 20 países o voto é obrigatório, entre os quais o Brasil. Mas por
que a legislação obriga a presença do cidadão na urna?”, ponderou Alex, acrescentando
que o alistamento eleitoral já garante a inscrição do eleitor nos pleitos. “A ausência na
urna deve ser uma opção do cidadão.”
Congresso em Foco
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